'Nosso lema é deixar o lugar por onde passou melhor do que encontrou', diz Legendários; vídeo mostra lixo do grupo em área de proteção ambiental
07/05/2025
(Foto: Reprodução) IEF informou que não houve autorização, mesmo após pedido do movimento, para travessia realizada no Parque Estadual da Serra do Ouro Branco, em MG. Ciclista da região afirmou que membros do grupo deixaram sujeira nas trilhas.
Ciclista mostra lixo deixado por grupo Legendários após acampamento
Após um ciclista mostrar o lixo produzido por membros do Legendários no Parque Estadual da Serra do Ouro Branco, na Região Central de Minas Gerais, o grupo disse, nesta quarta-feira (7), que tem como lema "deixar o lugar por onde passou melhor do que encontrou" e que errou ao não recolher os resíduos.
"Não deixamos de assumir o nosso erro de que o lixo não foi recolhido na hora, porém nossa equipe fez a limpeza na manhã seguinte. Pedimos desculpas pelo nosso erro, pois o lixo deveria ter sido pego na hora", afirmou um dos coordenadores, Raphael Maia.
Na última terça (6), o Instituto Estadual de Florestas (IEF) confirmou que integrantes do movimento promoveram uma travessia ilegal na área de proteção ambiental. A atividade ocorreu em 11 de abril deste ano (leia mais abaixo).
"Procuramos sempre tratar o espaço com muito respeito, não violando nem a flora nem a fauna para não agredir a integridade do parque", completou a coordenação do grupo.
O grupo ficou conhecido nas redes sociais após influenciadores e personalidades da mídia divulgarem a participação nos eventos. Na maioria dos casos, homens sobem "montanhas" juntos sob a justificativa de tentarem ser pessoas melhores.
Atividade não autorizada
Ao g1, o ciclista que passou pela região contou que não é a primeira vez que o grupo faz ações no local. Segundo ele, na maioria das vezes, os próprios participantes e organizadores deixam lixo e materiais plásticos espalhados pelas trilhas.
"Já tentamos contato com eles, eles falaram que jamais deixariam lixo, que seguiriam plano de manejo. Passou a edição, eles voltaram como se nada tivesse acontecido e deixaram tudo a mesma coisa", relatou a testemunha, que preferiu não se identificar.
De acordo com o IEF, a direção do Legendários comunicou que faria atividades no Parque Estadual da Serra do Ouro Branco com apenas dois dias de antecedência, além de ter encaminhado uma documentação incompleta, sem detalhar quais ações seriam feitas na região.
"O Instituto Estadual de Florestas (IEF) informa que não houve autorização para a travessia realizada pelo grupo [...] no Parque Estadual da Serra do Ouro Branco. Diante do descumprimento, uma vistoria foi realizada para apuração de possíveis infrações ambientais. O relatório está em fase de finalização e será encaminhado à administração para a adoção das medidas cabíveis, que podem incluir advertências e autuações", informou o instituto.
Ainda conforme o órgão ambiental, um outro acampamento do grupo ocorreu entre os dias 10 e 13 de abril, no parque da Serra do Intendente, em Conceição do Mato Dentro, também na Região Central de Minas. Neste, não foram identificadas irregularidades.
"A Supervisão da UFRBio Alto Jequitinhonha constatou, nesse caso, que os trâmites legais foram respeitados. E não houve prática de acampamento no local", disse o IEF.
Movimento
O Legendários se apresenta como um movimento cristão voltado a homens. Seus organizadores dizem que a ideia é "promover a transformação de homens e famílias". A maior parte dos eventos combina pregações religiosas com atividades físicas intensas.
O grupo foi fundado em 2015 por Chepe Tupzu, um pastor guatemalteco da Igreja Casa de Deus. Em 2017, o movimento chegou ao Brasil, onde ainda não é tão famoso, mas atrai cada vez mais participantes. O país já é seu segundo maior público no mundo.
As opções de experiências têm preços variados, que variam de R$ 450 até mais de R$ 81 mil.
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